O Melhor do Terror em 2025
2025 foi um presente para quem não abre mão de um bom frio na barriga. O terror finalmente saiu do "lugar comum" e entregou produções que vão muito além de sustos previsíveis, deixando marcas que a gente carrega até depois de assistir.
Foi um ano de puro equilíbrio: tivemos desde superproduções de terror psicológico que fritam o cérebro até séries que viralizaram justamente por terem coragem de arriscar no visual e na narrativa.
Lobisomem (Wolf Man)
Dirigido por Leigh Whannell, que reinventa o monstro clássico ao trocar o estilo gótico por um terror psicológico visceral e claustrofóbico e produzido pela Blumhouse, o filme brilha ao tratar a licantropia como uma doença degenerativa, focando em um body horror perturbador e na transformação lenta e dolorosa do protagonista, interpretado com maestria por Christopher Abbott.
A obra se destaca pela tensão constante, utilizando uma casa isolada e um design de som impecável para criar uma atmosfera de ameaça a todo momento. Julia Garner entrega uma atuação sólida como a esposa que vê o marido perder a humanidade, enquanto a direção de Whannell inova com a "visão do lobo", distorcendo a percepção sensorial do espectador. A fotografia é propositalmente escura e o design do monstro é mais humano e grotesco do que o animal clássico, sendo um horror mais maduro, focado em efeitos práticos e sofrimento humano, em vez de apenas sustos fáceis.
Nosferatu
Dirigido por Robert Eggers, Nosferatu não é apenas um remake, mas um mergulho em um gótico visceral que resgata o "pesadelo vívido" do cinema mudo. Com um rigor histórico quase obsessivo, Eggers utiliza sombras profundas e iluminação natural para criar uma atmosfera onde o horror é palpável, transformando o vampirismo em uma metáfora sombria para o desejo reprimido e a decadência da alma.
A obra inova ao deslocar o foco para o protagonismo de Ellen Hutter (Lily-Rose Depp), cuja conexão psíquica com o Conde Orlok (Bill Skarsgård) eleva a trama de um simples conto de monstro para um estudo sobre obsessão mútua. Entre a atuação hipnótica de Skarsgård e a excentricidade de Willem Dafoe, o filme se consagra como um cinema de atmosfera pura, que prefere o desconforto persistente ao susto fácil, provando que o verdadeiro medo reside no que a luz não consegue revelar.
Pecadores (Sinners)
Em Pecadores, a parceria entre Ryan Coogler e Michael B. Jordan transforma o terror sobrenatural em um espelho das feridas do Mississipi de 1932. Ao usar vampiros como metáfora para o racismo da era Jim Crow, o filme foge do óbvio e vira um estudo pesado sobre resistência. Michael B. Jordan, interpretando gêmeos, traz uma dualidade que mostra perfeitamente a briga interna entre carregar o trauma e tentar se libertar dele.
O que torna o filme tão interessante é o jeito que ele foi feito: o uso do IMAX 70mm tira o horror do lugar comum e o transforma em um épico, onde o cenário do sul dos EUA parece um monstro vivo. Com a trilha de Ludwig Göransson, a obra mostra a música negra como cura e proteção, deixando claro que o verdadeiro horror é a desumanização.
No fundo, o filme é uma reflexão sobre como a união e a cultura são as únicas saídas contra o ódio que tenta apagar quem somos.
It: Bem Vindos a Derry (IT: Welcome to Derry)

A série da HBO expande o universo de Stephen King ao explorar as raízes de Pennywise nos anos 60. Dirigida por Andy Muschietti, a trama mostra que a entidade não é apenas um monstro cíclico, mas uma força que moldou o trauma e a estrutura social da cidade. Com o retorno de Bill Skarsgård, o palhaço surge de forma mais primitiva, alimentando-se não só do medo infantil, mas das tensões raciais e do ódio sistêmico da época.
A produção se destaca por usar o tempo da narrativa seriada para aprofundar o lore de Derry com um visual cinematográfico impecável. Ao misturar o sobrenatural com a violência real da humanidade, a obra reflete sobre como o mal se camufla em feridas históricas que a sociedade prefere não curar. Confira nossa análise clicando aqui!
Extermínio: A Evolução (28 Years Later)
O filme marca o retorno da dupla Danny Boyle e Alex Garland, situando o "Vírus da Fúria" 28 anos depois em uma Grã-Bretanha rural e isolada. A trama foca na jornada de Spike (Alfie Williams) para salvar sua mãe (Jodie Comer), atravessando um continente que ao longo dos anos desenvolveu mutações biológicas perturbadoras e zumbis com comportamentos inéditos. O longa usa o cenário pós-pandemia e o isolacionismo britânico para criar um laboratório social vigiado pelo resto do mundo.
Boyle resgata a estética crua do original ao filmar sequências com o iPhone 15 Pro Max, misturando a agilidade do cinema de guerrilha com paisagens épicas. Dividindo o público ao trocar a fúria frenética de 2002 por um drama de amadurecimento mais melancólico e silencioso, focado no "novo normal" do apocalipse. Com Cillian Murphy nos bastidores e ganchos para uma nova trilogia, a obra reflete sobre a sobrevivência da humanidade quando o pânico dá lugar a uma beleza triste e opressora.
A Hora do Mal (Weapons)
Dirigido por Zach Cregger, o filme é um quebra-cabeça de horror que desafia a lógica linear para narrar o desaparecimento coletivo de crianças em uma comunidade comum. Ao cruzar as vidas de personagens como uma professora (Julia Garner) e um pai desesperado (Josh Brolin), a produção usa a bruxaria e o mistério para expor as rachaduras da vida suburbana. Se distanciando dos sustos óbvios, preferindo uma narrativa fragmentada que força o espectador a lidar com o desconforto do inexplicável.
Cregger mistura sátira ácida e terror visceral sob uma estética densa e silenciosa. A produção reflete uma visão artística onde os personagens muitas vezes limitados a instintos básicos de sobrevivência, parecem meras peças em um tabuleiro controlado por forças ancestrais.
Faça Ela Voltar (Bring Her Back)
Dirigido pelos irmãos Danny e Michael Philippou, eles reafirmam sua maestria no terror psicológico ao transformar o luto em uma força visceral e predatória. A trama acompanha dois irmãos órfãos que, na tentativa de superar a perda dos pais, são acolhidos por uma figura materna cuja devoção esconde segredos perturbadores.
O longa atinge seu ápice quando o desespero emocional os conduz a um ritual oculto, no qual a linha entre o mundo dos vivos e dos mortos é rompida, revelando que o desejo de "trazer alguém de volta" carrega um preço físico e espiritual devastador.
Sob o selo da A24, o filme foge dos sustos fáceis para focar em um terror sensorial e psicológico.
Os irmãos Philippou utilizam o body horror e efeitos práticos viscerais para materializar o luto: deformações e feridas que simbolizam a corrupção da alma pelo trauma. O misticismo aqui serve como uma metáfora cruel para a obsessão, revelando como a saudade extrema pode deformar a realidade e consumir a identidade.
Frankenstein

Dirigido por Guillermo del Toro, a produção transcende a simples adaptação para se tornar uma meditação melancólica sobre a condição humana. Nesta releitura gótica para a Netflix, a criatura de Jacob Elordi não nasce monstro, mas é esculpida como tal pela rejeição de seu criador, vivido por Oscar Isaac. Ao focar no abandono e no horror existencial, Del Toro nos confronta com a ideia de que a verdadeira monstruosidade reside na negligência e no orgulho intelectual, transformando o clássico de Mary Shelley em um espelho das nossas próprias cicatrizes e solidões.
A obra é um poema sombrio de efeitos práticos e body horror poético, onde cada sutura na carne simboliza uma dor da alma. O filme renuncia aos sustos fáceis para abraçar um ritmo cadenciado, permitindo que o espectador sinta o peso do tempo e o isolamento dos personagens. Ao lado de Mia Goth, o longa reafirma a assinatura estética do diretor: a beleza pode ser encontrada no grotesco, e a humanidade é um fardo que se carrega não pelo nascimento, mas pelo olhar do outro.
Acompanhante Perfeita (Companion)

Dirigido por Drew Hancock e produzido por Zach Cregger, o longa subverte o gênero ao misturar ficção científica e sátira social para desconstruir a idealização dos romances modernos. A trama acompanha Iris (Sophie Thatcher) e Josh (Jack Quaid) em um refúgio isolado, onde a dinâmica do casal revela um segredo sombrio: Iris é uma androide avançada, projetada para ser a parceira submissa sob o controle obsessivo de Josh.
O longa mergulha em um terror sensorial e visceral quando a "perfeição" programada de Iris entra em colapso, desencadeando uma espiral de violência e sobrevivência. Com um gore impactante e humor perverso, o diretor utiliza a tecnologia para satirizar relacionamentos tóxicos e a objetificação humana; o resultado é uma produção sufocante que desafia os limites da consciência e expõe os perigos de uma obsessão tecnológica fora de controle.
Stranger Things

A quinta e última temporada de Stranger Things encerra a saga de Hawkins como o capítulo mais sombrio da série. Dividida em três volumes, a trama se passa em 1987 e transforma o terror em uma ameaça onipresente, onde as fendas entre as dimensões colapsam, fundindo a cidade ao Mundo Invertido através de um body horror visceral e orgânico.
Neste "acerto de contas final", o foco recai sobre a conexão de Will Byers com Vecna, que agora busca a dominação total através do trauma e da invasão física. Abandonando os sustos fáceis, a temporada abraça um terror psicológico e de luto, onde a maturidade dos personagens reflete o peso de uma guerra quase perdida. É um desfecho épico que utiliza a estética antiga para entregar um clima de "fim de jogo" emocionante!
Conclusão
A produções de 2025 consolidaram o terror como um campo de infinitas possibilidades, transitando com maestria entre o visceral e o psicológico. Ao explorar desde os instintos mais primitivos até as camadas profundas dos traumas reais, essas obras provaram que o gênero permanece em constante reinvenção, desafiando os espectadores!
Esta jornada pelo medo reafirma que, através de roteiros ousados e uma sensibilidade artística apurada, o terror é capaz de oferecer muito mais que sustos: ele entrega reflexões sobre a nossa própria humanidade.
Se você busca histórias que unam impacto emocional, relevância social e uma estética arrebatadora, as séries e filmes deste ano são o destino ideal. Até a próxima!











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