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Review de Morra, Amor: Um Mergulho Cru na Maternidade e no Colapso Mental

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Analisamos o longa Morra, Amor (Die My Love), inspirado no livro homônimo de Ariana Harwicz. O filme aborda as dificuldades enfrentadas por uma mãe recente, incluindo depressão pós-parto e psicose, e as tensões em seu relacionamento.

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Sobre Morra, Amor

Morra, Amor (em inglês, Die, My Love) é um filme de suspense psicológico norte-americano que estreou mundialmente no Festival de Cinema de Cannes em maio de 2025, e nos cinemas no dia 27 de novembro de 2025. É distribuído pela Paris Filmes no Brasil.

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O filme é baseado no livro homônimo da escritora argentina Ariana Harwicz, de 2012, e conta a história de uma mulher que luta contra seus próprios demônios. Dirigido por Lynne Ramsay (Precisamos Falar Sobre o Kevin, 2011), que assina o roteiro juntamente com Enda Walsh.

Produzido por Jennifer Lawrence, que também estrela o filme. Ela produziu através de sua própria produtora, a Excellent Cadaver. O renomado diretor Martin Scorsese também atua como um dos produtores através da Sikelia Productions

Estrelam o elenco os atores Robert Pattinson, Lakeith Stanfield, Nick Nolte e Sissy Spacek.

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Sinopse

Isolada com o marido em uma casa de fazenda no interior de Montana (EUA), Grace, uma jovem mãe, mergulha em uma profunda e devastadora crise psicológica após o nascimento de seu primeiro filho, lutando para manter sua sanidade enquanto enfrenta a psicose e as tensões emocionais de um casamento em ruínas.

O filme aborda as dificuldades enfrentadas por uma mãe recente, incluindo depressão pós-parto e psicose, e as tensões em seu relacionamento.

Trailer Oficial

Sobre o livro homônimo que inspirou o filme

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Morra, Amor (título original Matate, Amor) é o romance da escritora, roteirista e dramaturga argentina Ariana Harwicz, nascida em 1977, e foi publicado originalmente em 2012. A obra faz parte da chamada "Trilogia da Paixão" da autora e ganhou aclamação internacional, sendo, inclusive, adaptada para o teatro na Argentina e em Israel, e, mais recentemente, para o cinema.

O livro aborda a crise psicológica intensa de uma mulher que se sente sufocada e aprisionada pelos papéis sociais de casamento e maternidade. O texto mergulha na mente da protagonista, explorando sua inadequação e sua luta desesperada por liberdade.

Ariana Harwicz
Ariana Harwicz

O estilo da autora é caracterizado por uma escrita visceral, violenta e erótica, mas sempre com um forte lirismo. O livro carrega uma alta intensidade psicológica, narrada em primeira pessoa e usando um fluxo de consciência fragmentado. Isso coloca o leitor diretamente no estado de desespero e na mente em colapso da protagonista.

Sua técnica é comparada à de grandes nomes que exploram a psique feminina e a linguagem experimental, como Virginia Woolf, Silvina Ocampo e Clarice Lispector.

Depressão pós-parto e psicose no contexto da maternidade

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Quando a Depressão Pós-Parto não é diagnosticada ou tratada a tempo e a mãe permanece em um estado de intensa solidão e estresse, o quadro pode ser intensificado. Em um número muito pequeno de casos, pode evoluir para a Psicose Puerperal, um quadro psiquiátrico grave que pode causar desconexão com o bebê e as pessoas, pensamento confuso e desorganizado, alucinações e pensamentos delirantes e/ou e vontade extrema de prejudicar a si mesma ou ao bebê.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o 4 de maio como o Dia Mundial da Saúde Mental Materna, visando conscientizar sobre a importância do tratamento e prevenção.

O filme toca na ferida aberta desse tema, evidenciando que a prevenção, por meio de uma boa rede de suporte, escuta ativa e sem julgamentos, é o melhor tratamento, evitando que a solidão leve à perda da sanidade.

Análise Pessoal

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Morra, Amor definitivamente não é para quem busca um entretenimento fácil ou uma história de cinema com arco convencional. Pelo contrário, o que me atrai é justamente o seu estabelecimento como uma experiência sensorial intensa e assumidamente desconfortável.

Ele se propõe a ser um retrato implacável e urgente da saúde mental materna, mergulhando de cabeça no tema da depressão pós-parto que, no caso da protagonista, Grace, evolui para a assustadora psicose puerperal.

O que conquistou minha atenção é essa abordagem completamente imersiva. A diretora Lynne Ramsay joga o espectador na realidade de Grace sem oferecer alívio ou a esperada catarse. Acredito que a direção é a principal força aqui, utilizando uma estética, um design de som e uma fotografia claustrofóbica para que a gente sinta o mesmo esmagamento e a asfixia mental que a personagem.

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Na pele do marido de Grace, a atuação de Robert Pattinson captura uma negligência passiva que é fundamental para a crise da personagem central. Pattinson retrata o cônjuge não como um vilão ativo, mas como uma figura de reações tardias e distância emocional.

A atuação de Jennifer Lawrence é crua e visceral, e isso é um chamariz enorme. Ela não entrega um drama explosivo, ela sustenta o filme com uma firmeza brutal, construindo a personagem através de um colapso que é silencioso, angustiante e crescente

Recepção da crítica e do público

O longa foi altamente aclamado pela crítica especializada, que o elogiou intensamente. Já o público em geral demonstrou uma reação mista e, em certos casos, desfavorável, resultando em uma clara divisão de opiniões sobre a obra.

Rotten Tomatoes: 73% de aprovação em 230 avaliações dos críticos, e 46% de aprovação em mais de 500 avaliações do público.

IMDb: 6,6/10 de 13 mil avaliações.

Letterboxd: 3,3/5 (estrelas) de 174 mil avaliações.

CinemaScore: Avaliação Classe D+ do público ao final das sessões.

Razões para assistir Morra, Amor

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Morra, Amor é uma obra poderosa e inesquecível, um filme sincero sobre saúde mental que usa o suspense psicológico para fazer uma denúncia sobre a solidão e as expectativas esmagadoras da maternidade.

Em um mundo de narrativas idealizadas sobre a maternidade, o filme tem a coragem de desmistificá-la, expondo a solidão, a pressão e o vazio que podem levar a gestos extremos. Sinto que esta é uma obra cinematográfica áspera, mas profundamente necessária.

Até a próxima!