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Crítica: Missão Impossível - O Acerto Final

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Tom Cruise se despede em grande estilo da franquia Missão Impossível e deixa seu nome na história de Hollywood como um dos maiores nomes da ação. Confira mais detalhes neste artigo!

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Tom Cruise e o seu selo Missão Impossível de ser

Tom Cruise encarnou Ethan Hunt pela primeira vez em 1996, no papel do agente das Forças de Missões Impossíveis (FMI); uma organização governamental secreta responsável por missões perigosas e de alto risco. Hunt é o principal agente de campo da FMI, sempre à frente das operações e disposto a se lançar, literalmente, em cada missão.

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Agora, em 2025 (quase 30 anos depois), chega aos cinemas o oitavo filme da franquia: Missão: Impossível – O Acerto Final. Trata-se de uma continuação direta do sétimo longa, Missão: Impossível – Acerto de Contas, na qual Ethan tem a missão de impedir que a chave de uma poderosa Inteligência Artificial caia em mãos erradas. Desenvolvida pelos russos, a IA é tão ameaçadora que recebeu o nome de A Entidade. Ela representa uma força capaz de controlar tudo que depende da internet e das telecomunicações... ou seja, praticamente todo o mundo moderno.

Dessa forma, o novo filme se mostra surpreendentemente alinhado com uma preocupação cada vez mais real da sociedade contemporânea, sem, no entanto, abrir mão dos elementos clássicos que marcaram a franquia: a trilha sonora icônica, os gadgets de espionagem, como máscaras, lentes inteligentes e celulares multifuncionais - e, claro, os carros esportivos em sequências de ação!

Confira o trailer de Missão Impossível: O Acerto Final:

Do analógico ao digital: a última corrida contra o tempo

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No filme anterior, o público foi surpreendido pela disputa entre líderes estatais pelo controle de A Entidade, uma inteligência artificial altamente avançada, cujo acesso depende de uma chave em forma de cruz. Ao final de Missão: Impossível – Acerto de Contas, essa chave acaba nas mãos de Ethan Hunt. No entanto, a verdadeira fonte da IA está localizada no interior do submarino russo Sevastopol, que foi autodestruído após a Entidade assumir uma autonomia devastadora.

É a partir dessa premissa que Missão: Impossível – O Acerto Final se desenvolve. Ethan precisa usar a chave para acessar a fonte da IA, tomar o controle dela e impedir que caia em mãos erradas ou que provoque um ataque nuclear em escala global.

O longa é repleto de cenas impressionantes, como o mergulho arriscado para completar a missão e a sequência final envolvendo aviões, que leva a ação a níveis extremos. Já se tornou uma tradição da franquia: se não parecer impossível, não é Missão: Impossível. Como o próprio título sugere, tudo precisa soar inalcançável até que Tom Cruise prove o contrário.

O aspecto mais intrigante, porém, é o retorno a métodos analógicos durante a missão. Diante de uma IA capaz de interceptar qualquer dispositivo com conexão digital, Ethan e sua equipe precisam agir fora do radar tecnológico. A Entidade é o inimigo mais poderoso que já enfrentaram — e ela não quer ser controlada. Pelo contrário: quer controlar tudo e todos.

Com explosões e furos: o roteiro corre por fora

O roteiro, assinado por Bruce Geller, Erik Jendresen e Christopher McQuarrie, funciona surpreendentemente bem, mesmo com os exageros que já se tornaram marca registrada da franquia. Há um esforço claro em dar o tom certo para este que, ao menos em teoria, inicia a despedida de Ethan Hunt dos holofotes.

Além disso, ele estabelece conexões orgânicas e bem construídas com os filmes anteriores, como na justificativa para a falha da Entidade, a inteligência artificial que movimenta a trama. Afinal, nenhuma IA toma decisões por vontade própria sem algum tipo de comando ou interferência, e o roteiro oferece uma resposta engenhosa para isso: o famoso Pé de Coelho.

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Para contextualizar: o Pé de Coelho é o artefato que Ethan precisa recuperar das mãos de criminosos em Missão: Impossível 3 para impedir uma catástrofe. A ironia está no fato de que, mesmo sendo o centro da missão, ninguém — nem Ethan, nem o público — sabe exatamente o que é aquilo. O filme termina e o mistério permanece.

O objeto é descrito como algo comparável a um Anti-Deus e com potencial de destruição global, o que levou muitos a deduzirem que se tratava de uma arma biológica. Mas agora, com a narrativa de O Acerto Final, surge uma reinterpretação interessante: o Pé de Coelho seria, na verdade, um vírus digital - o responsável por corromper a Entidade!

Conspiração no topo, tensão no ar e roteiro no piloto automático

Quando Ethan entrega o artefato ao FMI no terceiro filme, acredita estar cumprindo seu dever. No entanto, neste novo capítulo, descobre-se que Kittridge (Henry Czerny), o diretor da agência, estava entre os interessados em controlar a IA. Ou seja, mesmo dentro do próprio sistema, há forças operando com intenções questionáveis. Dessa vez, Ethan só pode contar com sua equipe mais próxima: Benji (Simon Pegg), Luther (Ving Rhames), Grace (Hayley Atwell) e Paris (Pom Klementieff).

O antagonista da vez continua sendo Gabriel (Esai Morales), apresentado anteriormente como o elo mais sombrio do passado de Ethan. Um vilão que sempre retorna para eliminar pessoas próximas ao protagonista, como se sua função fosse lembrá-lo de que, em sua profissão, qualquer vínculo pode ser uma fraqueza. A rivalidade pessoal entre os dois alimenta um dos momentos mais impactantes do filme: a cena com os aviões analógicos, protagonizada a bordo de um Boeing Stearman.

Esse elo emocional e as conexões internas da franquia são, sem dúvida, méritos do roteiro. Mas basta uma análise mais técnica da estrutura da ação para perceber as fragilidades. As missões se encadeiam com lógica tênue, as decisões parecem frequentemente improvisadas e, em diversos momentos, a narrativa entra em contradição consigo mesma.

Um exemplo claro é a cena do mergulho: após uma longa explicação detalhando o que Ethan deve fazer e os perigos envolvidos, ele simplesmente ignora todas as instruções e sai ileso. Situações como essa não apenas desafiam a lógica, mas também colocam à prova a boa vontade do espectador. A franquia vive de ultrapassar os limites do possível, mas aqui, em alguns momentos, parece disposta a testar também os limites da nossa tolerância.

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Tom Cruise: a estrela que não cansa de correr (nem de entregar tudo)

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É importante destacar a atuação e o empenho de Tom Cruise em fazer essa franquia acontecer. Desde 1996, o ator também atua como produtor. Missão: Impossível marcou sua estreia nesse segmento ao lado de Paula Wagner com a criação da C/W Productions. Foi ali que ele começou a construir seu estilo e assinatura com esses filmes de ação e espionagem que carregam sua marca: irreverência, coragem e uma disposição que dispensa dublês.

Ethan Hunt já está maduro, e nessa missão de salvar o mundo e proteger quem ama, ele está disposto a tudo - até mesmo ao que parece impossível. Ele não teme a morte, porque, para ele, o mais importante é a vida do outro. Principalmente se ele tiver os meios para garantir isso.

Em Missão: Impossível – O Acerto Final, ele corre, mergulha, voa, troca socos, tiros e ainda encontra tempo para flertar e se emocionar. Tom Cruise realmente entrega tudo e um pouco mais nessa que deve ser a despedida de Ethan Hunt.

Entre o espetáculo e a despedida: Cruise comanda seu próprio tributo

Ao aceitar os exageros narrativos e compreender o esforço do roteiro em se conectar com o passado de Ethan Hunt, torna-se evidente que Missão: Impossível – Acerto Final não é apenas mais um blockbuster. É também um fan service assumido e sem vergonha de sê-lo. O filme se apoia, sem disfarces, em elementos que marcaram a franquia: resgata momentos icônicos, reverencia personagens e constrói pontes diretas com os capítulos anteriores, tudo com o objetivo claro de criar não apenas um novo clímax, mas uma despedida em grande estilo.

E falando em grandeza, MI8 ostenta a maior duração da franquia: 2 horas e 50 minutos, e um dos maiores orçamentos já vistos, estimado em cerca de 400 milhões de dólares. É um espetáculo feito sob medida para as telas de cinema, que justifica sua grandiosidade pelo conjunto: elenco carismático, produção impecável, cenas de ação coreografadas com precisão quase cirúrgica e efeitos visuais de altíssimo nível.

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O saldo é tão positivo que até os absurdos, antes mencionados, acabam diluídos na experiência. Porque, no fim das contas, quando Tom Cruise está no comando, a missão continua sendo impossível - mas também irresistível.

Você curte a franquia Missão: Impossível? Vai assistir ao novo filme nos cinemas?

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