A minissérie da Netflix estreou em 11 de abril e rapidamente disparou para o Top 10 em vários países, sendo estrelada pelo criador e escritor Richard Gadd como uma extensão de seu show solo Edinburgh Fringe de 2016.
Na versão da Netflix, Gadd interpreta uma versão ficcional de si mesmo chamada Donny Dunn, que é perseguido por Martha durante anos enquanto lida com traumas do passado. O título “Baby Reindeer” (Bebê Rena) faz referência a um apelido bizarro que ele recebe da perseguidora Martha (Jessica Gunning).
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Contendo apenas 7 episódios de curta duração, a série nos faz refletir sobre traumas e como lidar com eles, além de situações desconfortáveis que muitas vezes não temos empatia pela outra pessoa.
Confira esses e mais motivos para assistir à série!
Aviso: Pode conter cenas e assuntos fortes e delicados.
Jessica Gunning como Martha
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Jessica Gunning faz um papel incrível e expressivo como Martha, nos fazendo ver cada nuance da “loucur” em sua face. Ela nos prende com sua interpretação, sempre nos fazendo aguardar o que vai acontecer no próximo episódio - seu papel de pessoa imprevisível realmente funciona.
Martha não mostra apenas insanidade, mas também humor e ousadia - nos fazendo também sentir “pena” em alguns momentos. É possível sentir pena e medo ao mesmo tempo.
Gunning é uma atriz britânica praticamente desconhecida nos Estados Unidos. Ela já apareceu em projetos como o filme Pride e minisséries como What Remains e White Heat. Mas depois de Baby Reindeer, algo me diz que veremos muito mais dela.
Richard Gadd como Donny
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Gadd interpreta a si mesmo em seu possível pior período de vida. Isso por si só não é uma tarefa fácil. E o mais incrível de tudo é vê-lo interpretando sua própria história de forma impecável.
A vulnerabilidade e os sentimentos mostrados pelo ator nos atingem e nos transmitem com sinceridade o que ele passa.
Nava Mau como Teri
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Em uma jornada para superar sua agressão sexual, Donny conhece Teri, interpretada por Nava Mau. Teri é uma mulher trans e seu relacionamento com ela é complicado, tanto por conta dos traumas de Donny, quanto por sua masculinidade sendo questionada por ele - e no meio disso, embora o relacionamento entre Teri e Donny seja sincero, também é um pouco enganoso.
Nava Mau interpreta o papel com maestria, nos mostrando sua força e, ao mesmo tempo, fragilidade, buscando seu próprio caminho e felicidade e tentando dar apoio ao Donny - mas chega um ponto que as coisas ficam complicadas demais até para ela.
Mau é uma atriz premiada: já escreveu e estrelou o curta Waking Hour, inspirado em sua própria experiência como mulher trans em um relacionamento com um homem cisgênero.
Baseada em Fatos Reais
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Um ponto importante da série são as inúmeras mensagens e emails que o protagonista recebe. Na vida real, o número exato foi: 41.071 emails, 744 tweets, 46 mensagens no Facebook, além de 106 páginas de cartas e 350 horas de mensagens de voz, conforme o Screen Rant.
Na história real, a perseguidora enviou uma série de presentes peculiares, como um frasco de pílulas para dormir, um chapéu de lã, uma cueca, uma rena de brinquedo, segundo o The Independent.
Na série, em um show, o protagonista decide contar sua história e revela tudo o que passou. E isso realmente aconteceu na vida real, em seu espetáculo teatral de 2016 “Monkey See, Monkey Do”.
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No fim da produção, Martha é presa, mas na vida real Gadd decide não pressioná-la judicialmente. Ela foi processada e acabou condenada a nove meses de prisão. Não se sabe o que aconteceu com ela na vida real depois disso.
Quebra de Esteriótipos e Problemas Reais
O comediante não queria que a perseguição e o stalker tivessem estereótipos. “Stalking, na televisão, tende a ser muito sexualizado. Tem um ar místico. É alguém em um beco escuro. É alguém que é muito sexy, muito normal, mas depois fica estranho aos poucos. Mas a perseguição é uma doença mental. Eu realmente queria mostrar as camadas disso de uma forma humana que eu nunca tinha visto em uma produção”, explicou Gadd para o portal Tudum, da Netflix.
A vulnerabilidade que Gadd possui ao mostrar seu medo real de Martha, mas também sua própria resposta emocional ao trauma de sua agressão sexual e seu próprio acerto de contas com sua identidade e sexualidade é algo muito difícil de se ver, e, principalmente, de nos atingir com tanta força.
Falar sobre assuntos delicados como vício em drogas, transexualidade, sexualidade e problemas psiquiátricos é uma quebra incrível. Me fez, ao mesmo tempo que sentir agonia, também sentir um quentinho no coração por alguém falar sobre problemas que existem.
Enfrentamento com os Pais
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(Pode conter - mais - spoilers!)
No episódio 6, há um momento crucial em que Martha chega a aterrorizar os familiares de Donny. Ameaçando de contar sobre suas confissões na internet, Martha o deixa sem saída.
Desesperado, Donny retorna à Escócia para conversar sinceramente com seus pais sobre tudo o que passou, compartilhando todas suas dores e sentimentos. E a forma como os pais lidam é… simplesmente incrível. Talvez seja o tipo de compreensão que todos nós procuramos, em algum nível, e também sentimos muito medo de não ter.
Uma verdadeira pontada no coração.
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