Onde Está Hongrang?

Com estreia recente na Netflix, "Querido Hongrang" é um dorama de época que se passa no período Joseon e é dirigido por Kim Hong-Sun, que também dirigiu "La Casa de Papel: Coréia".

Narra a história do jovem Hongrang, interpretado pelo ator Lee Jae-Wook, filho de uma rica família de comerciantes, que desapareceu aos 8 anos. Desde então, é procurado por seus pais e por sua saudosa irmã por parte de pai, Jae-Yi, interpretada pela atriz Cho Bo-Ah, que nunca perdeu a esperança de encontrá-lo.
Após 12 anos, Hongrang retorna sem memória sobre o que lhe aconteceu nesse tempo perdido. Entretanto, carrega consigo um segredo, levantando suspeitas da irmã e de algumas pessoas ao seu redor.

A Filha Não Querida, A Irmã Amada
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O dorama é denso e dramático; o telespectador não encontrará aqui tiradas cômicas ou temas fáceis. A obra começa mostrando Jae-Yi sofrendo abuso físico desde a infância por parte de sua madrasta, além de lidar com o descaso do pai.
Há também um tom de suspense/sobrenatural que se explica gradualmente, mas é permeado por cenas de abusos infantis que causam desconforto. Justamente por causa da falta de afeto dos adultos, Jae-Yi era muito apegada ao irmão mais novo, Hongrang, com quem passava grande parte do tempo, dedicando-lhe muito carinho.

Ela é quem mais se arrisca ao procurar pelo jovem, colocando sua vida em risco, porque sabe que ele sente o mesmo por ela, já que o afeto entre os dois é mútuo.
Em um determinado momento, o adulto Hongrang, mesmo tendo o amor da mãe e o favoritismo dos pais após a sua volta, confidencia para Jae-Yi que nunca foi nada para ninguém, nunca foi um filho, um irmão. Ele não sabe o que é ser alguém para outra pessoa.
Desse jeito, com essas lacunas emocionais, eles sentem que se completam enquanto adultos, assim como se completavam quando crianças.

Um Sentimento Indevido
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Outro detalhe que, num primeiro momento, causa desconforto é quando Jae-Yi, feliz por ter seu irmão de volta, começa a sentir por ele novamente aquele carinho de antes. No entanto, 12 anos depois, com a distância entre os dois e o crescimento individual, ela percebe que esse sentimento não é mais apenas o afeto de uma irmã. Jae-Yi se vê apaixonada pelo irmão.

Sim, essas cenas causam estranhamento e, com certeza, farão o telespectador se sentir um tanto desconfortável com os toques, olhares e o clima pesado entre os dois, pois a jovem é correspondida.
Mas, como já mencionado, este é um dorama mais denso, com uma temática que pode agradar ou desagradar a alguns.
Simbolismo
Como é de se esperar em um dorama de época desse estilo dramático, aguarde um desfecho agridoce, uma bela fotografia com momentos contemplativos, lutas extremamente bem coreografadas e uma trilha sonora envolvente.
Aliás, a música de encerramento é sublime, quase ritualística, ressoando perfeitamente com o desejo do vilão da trama. Já quero na minha playlist.

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Uma das coisas que mais me agradou foi o simbolismo nas roupas de Hongrang. Ele frequentemente usa tons brancos em suas vestimentas, e o branco, na cultura coreana, pode remeter à pureza, integridade e novos começos, mas também a funerais. Isso faz um paralelo com a forma como a morte ronda Jae-Yi: sempre esteve ali, mesmo que ela só perceba no momento de dizer "até breve", pois isso significa que se encontrarão novamente em algum outro momento ou lugar.

A Mocinha A Ser Salva
Um único adendo que faço ao dorama é que, apesar do final agridoce me agradar, esse tipo de protagonista que precisa que aqueles que a amam se sacrifiquem para que ela fique "bem" pode colocá-la em um patamar excessivamente passivo.
Isso é contraditório com a personagem que, no início da série, se mostrava tão determinada a encontrar o irmão. O roteiro, ao colocar tantos sacrifícios em prol de seu bem-estar, dá a ela um ar muito mais indefeso do que o que se acreditava em sua apresentação, no início da trama.

No mais, "Querido Hongrang" é um dorama para quem busca drama, suspense e uma dose de romance quase trágico. Assim como Jae-Yi e Hongrang, que sozinhos se sentiam parte de nada, quando somos amados, achamos nosso lugar no mundo.
E você, prefere finais completamente felizes ou acredita que um final nem tão feliz assim pode ser bom para refletir? Nos conte nos comentários!
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