Mentirosos – nova adaptação do Prime video do livro homônimo de E. Lockhart
O Prime Video anda especialista em adaptações literárias. São exemplos disso: O Verão Que Mudou Minha Vida, Maxton Hall, Uma Ideia de Você, Daisy Jones and The Six, Minha Culpa, e a lista não acaba mais.
Seu mais novo lançamento é a série teen Mentirosos (em inglês, We Were Liars), adaptada do livro homônimo da autora E. Lockhart. Nela, acompanhamos uma família de milionários, os Sinclair, que se reúnem todos os verões em sua ilha particular, porém, em um desses verões, uma tragédia acontece, mas, como um quebra-cabeça, o espectador só vai descobrir o que aconteceu quando todas as peças forem encaixadas.
Trailer
Veja o trailer da série Mentirosos:
Quantos segredos podem estar por trás dos impecáveis Sinclair?

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Mentirosos conta com 8 episódios e tem Julie Plec à frente do projeto. Plec foi produtora e roteirista da série Diários do Vampiro (2009-2017), talvez isso explique a escalação de Candice King, que no romance de vampiros dava vida a Caroline Forbes e agora, em Mentirosos, é Bess Sinclair, uma das filhas do magnata Harris Sinclair (David Morse).
Toda a família é extremamente padrão: são brancos, loiros, de olhos claros. Inclusive, ser padrão e segui-los é a regra mais suprema deles. Questões raciais são abordadas na série com a presença de Ed Patil (Rahul Kohli) e seu filho Gat Patil (Shubham Maheshwari), que são indianos. Ed namora uma das filhas de Harris e, consequentemente, seu filho acaba fazendo parte do convívio da família e se tornando grande amigo dos netos, que formam o quarteto que se autodenomina Mentirosos.
Os mentirosos são os três primos: Cadance (Emily Aly Lind), Mirren (Esther Rose McGregor) e Johnny (Joseph Zada). Além deles, Gat completa esse quarteto, que se reúne em Beechwood desde que eram garotos. Agora que já são adolescentes na casa dos 16 anos, muitas coisas mudam: surge um romance entre Cadence e Gat, Mirren também vive uma aventura amorosa na ilha e Johnny tem seus segredos revelados. Agora eles bebem, usam drogas e vivem aventuras sexuais, mas para os padrões dos Sinclair, isso é algo totalmente inconcebível.
O verão que não foi tudo, menos perfeito
Se tem uma coisa que acontece nesse verão, intitulado o Verão dos 16, são as máscaras caindo. A família que preza tanto pela moral e os bons costumes, na verdade, é como uma maçã podre que por fora parece suculenta, mas então você a abre para comer e vê que está estragada. O livro e agora a série fazem exatamente isso: nos fazem ver os Sinclair por dentro, assim como uma maçã cortada ao meio.
O roteiro e a direção são divididos por uma equipe grande de diretores e roteiristas, o que explica bem as nuances de cada episódio. O piloto é um mix de “veja como eles são incríveis, ricos, como são felizes e o quão incrível é estar nesta ilha”, até que corta pro final, onde Cadence está seminua na praia, com um ferimento na cabeça e sem lembrar de nada do que aconteceu naquela última noite do Verão dos 16.

Do segundo episódio em diante, a série se torna um suspense dramático com nuances de romance e diversão. Um ano se passou e Cadence retornou a Beechwood, mas ela não lembra o que aconteceu e, ao mesmo tempo, seus parentes e amigos não contam, como uma forma de preservá-la do trauma. Com isso, quem assiste tece uma teia de teorias do que pode ter acontecido ou do que fizeram com ela. Juro, o final foi qualquer coisa, menos alguma das minhas teorias.
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Um enredo que prende e um plot twist que te destrói

Lembra que falei que a série é como um quebra-cabeça? Pois então, os episódios, as cenas, os diálogos são essas peças e, para os mais espertos, pode ser que desvendem os sinais, mas eu juro que é bem difícil. No geral, parece apenas que Cadence é uma menina desequilibrada, que acabou de sair da reabilitação, e a família está colaborando para que ela não tenha uma recaída.
Entretanto, a série tem um dos melhores plot twists, nível O Sexto Sentido. É tão bom que me deu vontade de ler o livro, mesmo sabendo como termina, porque tudo o que acontece, com os detalhes que só a literatura pode oferecer, deve ser muito bom também. Inclusive, falando do livro, a série é bem fiel ao original. As únicas diferenças são o intervalo de tempo em que os Sinclair ficam sem voltar a Beechwood, no livro são dois anos, enquanto na série é apenas um. E, para ter mais enredo, os roteiristas resolveram explorar mais a relação das mães dos adolescentes, mostrando que elas também têm segredos e mistérios pairando no ar, além de ambição, já que tudo acaba em brigas por bens e dinheiro.
A história toda é contada pela perspectiva de Cadence, até porque o que sabemos é que algo aconteceu com ela na última noite em Beechwood, no verão anterior. Como ela não se lembra, temos esse drama e confusão por parte da personagem, que, no geral, entrega uma atuação mediana para o que se espera de alguém nessa situação. Em certos momentos, os primos, as tias e o avô acabam sendo mais interessantes do que ela, porque parece que a Cadence está sempre apática, seja nos momentos felizes ou nos tristes.
A prima Mirren, por exemplo, é artista e pinta quadros, enquanto precisa esconder o segredo de ter visto a mãe traindo o pai com um barqueiro da região. Ao mesmo tempo, vive uma aventura romântica com um rapaz local que a inspira a explorar mais esse lado artístico independente. Já o primo Johnny esconde a orientação sexual por medo de rejeição da família. São várias subtramas que poderiam ser ótimas, mas não são desenvolvidas e sempre voltam para a confusão da protagonista Cadence.
Afinal, Mentirosos vale o play ou não?

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Com a concentração do enredo todo em Cadence que tem mais apatia que tudo e um roteiro que não se aprofunda mais nos demais personagens seja a única coisa que a série Mentirosos decepcione um pouquinho, mas que não é capaz de tornar a experiência ruim, pelo contrário é mero detalhe. Quando você vê, está totalmente envolvido querendo saber tudo que se passa por trás daquela fachada de família perfeita.
No fim das contas, Mentirosos entrega exatamente o que promete: um suspense teen com um plot twist que realmente é de cair o queixo, de explodir a cabeça e te fazer ficar pensando por um tempo após os créditos finais. Ela cumpre bem seu papel de entretenimento, trazendo aquele clima de férias de verão com tragédia, segredos de família e reviravolta que deixa um buraco no estômago. Pode não ser a série mais profunda do Prime Video, mas é viciante o bastante para maratonar em um final de semana e depois ficar em silêncio, processando tudo.
Se você gosta de histórias sobre famílias problemáticas, aparências impecáveis e jovens ricos arruinados por segredos que ninguém quer contar, “Mentirosos” é exatamente o que você está procurando e vale muito o play.
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