Review de Duster, da Max
Lançada em 15 de maio de 2025 na Max, Duster é uma série criada por J.J. Abrams e LaToya Morgan que mistura ação, crime e comentários sociais em um cenário vibrante e tenso: os Estados Unidos em plena década de 1970.
A série acompanha uma perseguição frenética, com visual estilizado e personagens intensos, mas vai além da estética e mergulha nas contradições de uma época marcada por conflitos sociais, raciais e institucionais.
Trailer
1972: o que estava acontecendo nos Estados Unidos?
Para entender o pano de fundo de Duster, é importante lembrar o momento histórico em que a trama se passa.
Em 1972, os EUA viviam uma fase de profundas transformações. O escândalo de Watergate estava prestes a explodir, revelando uma crise de confiança nas instituições políticas. O FBI, recém-abandonado por J. Edgar Hoover após sua morte, enfrentava um vácuo de poder e questionamentos internos. A Guerra do Vietnã ainda gerava protestos massivos, enquanto os movimentos civis e feministas pressionavam por igualdade.
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Essa turbulência serve como cenário para a série, que utiliza o caos político e social da época para enriquecer seus conflitos internos e destacar temas como racismo, machismo institucional e marginalização de minorias.
É nesse contexto que conhecemos Nina, vivida por Rachel Hilson, uma jovem agente negra recém-saída de Quantico. Sua presença na agência é resultado de uma política de inclusão, mas fica claro que a aceitação real está longe de acontecer. O roteiro lida com esse tema com delicadeza e inteligência.
Resumo da história e personagens principais

Duster segue Jim, interpretado por Josh Holloway, um motorista envolvido com uma organização criminosa comandada por Ezra, vivido por Keith David. Jim é leal, habilidoso ao volante e carrega traumas do passado, especialmente a perda do irmão.
Ele também cuida da pequena Luna, o que traz uma dimensão mais humana ao personagem.
A narrativa ganha força com a entrada de Nina, uma jovem agente negra recém-formada pelo FBI, interpretada por Rachel Hilson. Ela enfrenta resistência dentro da agência e se vê isolada, sendo tratada como símbolo de uma diversidade superficial.

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Nina decide enfrentar o império criminoso de Ezra e, ao longo do caminho, se une ao agente navajo Awan e à secretária Jessica, formando um trio improvável que desafia a lógica conservadora da instituição.
Visual e direção: estilo acima do realismo
A direção assinada por Steph Green e Darren Grant imprime um ritmo dinâmico à série, com cenas de ação que se encostam no exagero proposital.

A série assume sua estética estilizada, com referências claras a filmes como Bullitt e animações como Looney Tunes. O figurino assinado por Dayna Pink traz jaquetas de couro, óculos escuros e um clima vintage que remete diretamente à década de 70.
Já a trilha sonora, recheada de clássicos da época e músicas menos conhecidas, ajuda a construir a atmosfera nostálgica e energética de Duster.
Pontos altos e limitações de Duster
A série acerta no visual, no ritmo e nas atuações. Josh Holloway brilha com seu carisma natural, Rachel Hilson segura bem o protagonismo e Keith David, como sempre, entrega uma presença marcante.
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Duster agrada especialmente quem gosta de histórias de crime com estética retrô e cenas de ação ousadas.
Embora Duster não seja uma série puramente política, ela insere elementos de crítica social de forma constante. Nina enfrenta racismo e machismo dentro do FBI, e a série trata essas questões com honestidade, mesmo que não se aprofunde completamente nelas. A presença de personagens indígenas e o retrato breve da cultura Navajo contribuem para trazer diversidade à narrativa.

No entanto, há algumas fragilidades no roteiro. A partir do episódio 5, a série se dispersa com subtramas que parecem existir apenas pelo efeito visual ou pela extravagância.
Figuras como Howard Hughes, um assassino excêntrico e até referências a Elvis Presley surgem de forma quase aleatória, o que enfraquece o fio principal da narrativa. Algumas tramas deixam de ser desenvolvidas com profundidade e acabam prejudicando o impacto emocional da história.
Ainda assim, são apenas oito episódios recheados de estilo, ação e boas atuações. Mesmo com seus tropeços, Duster consegue entreter com personalidade, especialmente em sua reta final.
Pode não ser uma obra-prima, mas é uma série que deixa sua marca... especialmente para quem curte histórias com um toque vintage.

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Vale a pena assistir Duster?
Se você procura uma série com adrenalina, visual estilizado e toques de crítica social, Duster certamente merece sua atenção. Apesar de não aprofundar todos os temas que apresenta, a série entrega entretenimento de qualidade, com um charme retrô irresistível e personagens que fogem do óbvio. O final deixa um gosto agridoce, mas a jornada é intensa e envolvente.
Recomendo especialmente para fãs de séries com estética vintage, perseguições de carro cinematográficas e tramas que flertam com o absurdo sem perder a personalidade.
Ficha técnica de Duster
- Título original: Duster
- Criação: J.J. Abrams e LaToya Morgan
- Gênero: Drama, Crime
- Lançamento: 15 de maio de 2025
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- Plataforma: Max
- Idioma original: Inglês
- Classificação indicativa: TV-MA
- Direção: Steph Green, Darren Grant
- Elenco principal: Josh Holloway, Rachel Hilson, Keith David, Camille Guaty, Asivak Koostachin, Sofia Vassilieva, Benjamin Charles Watson
- Produção executiva: J.J. Abrams, LaToya Morgan, Rachel Rusch Rich
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