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Review: Aka Charlie Sheen e a visão que o documentário nos traz sobre o ator

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Analisamos o documentário sobre Charlie Sheen, que traz fatos já conhecidos pelo público e algumas novas revelações.

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A série documental Aka Charlie Sheen estreou em 10 de setembro de 2025 na Netflix. A produção, dividida em duas partes e com cerca de três horas de duração, explora a vida e a carreira do ator, desde seu nascimento, passando por sua vida desregrada e vícios, até a sobriedade que já dura sete anos.

Dirigida por Andrew Renzi, a série conta com depoimentos atuais de Denise Richards (ex-esposa), Brooke Mueller (ex-esposa), Jon Cryer (colega de elenco em Two and a Half Men), Sean Penn (amigo de longa data), Ramon Estevez (irmão), Heidi Fleiss (ex-cafetina) e Marco (seu ex-traficante).

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Analisando Aka Charlie Sheen

O documentário mergulha na vida de Sheen, explorando temas como o abuso de substâncias, escândalos públicos, relações familiares e sua jornada em direção à sobriedade e recuperação, oferecendo um olhar íntimo e, por vezes, chocante sobre a vida do ator.

Analisamos e separamos pontos importantes.

Infância e Início de Carreira

Carlos Irwin Estévez, o nome de batismo de Charlie Sheen, começou sua jornada ainda jovem. O documentário mostra a forte influência do pai, o aclamado ator Martin Sheen.

Ele conta a história de como Charlie decidiu seguir os passos do pai e, para isso, adotou o nome artístico que o mundo inteiro conhece. Ele alcançou um sucesso enorme e rápido em Hollywood, tornando-se um dos maiores astros entre os anos 80 e 90, com papéis marcantes em filmes como Platoon (1986) e Wall Street (1987).

A sobriedade e o "novo Charlie Sheen"

O documentário nos dá a oportunidade de ver um Charlie Sheen que parece ter mudado bastante. Ele se mostra mais calmo e pensativo, refletindo sobre uma fase bastante caótica de sua vida. De forma bem aberta, ele conta o que o motivou a parar de beber em 2017: o momento em que se deu conta de que não estava em condições de levar a própria filha a uma consulta médica.

Essa parte da história mostra que ele busca a redenção, tentando mostrar ao público um homem que está se esforçando para reconstruir a vida e a relação com a família.

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A falta de remorso genuíno

É impossível não notar a falta de remorso e autocrítica por parte do ator. Mesmo quando ele se lembra dos seus excessos, vícios e de toda a série de escândalos, Charlie Sheen parece ter mais nostalgia de seu passado do que vergonha ou arrependimento pelas consequências dos seus atos. O documentário peca por ser superficial nesse ponto, deixando de aprofundar o sofrimento que ele causou à sua família, amigos e colegas de trabalho, como Jon Cryer e Chuck Lorre.

Relatos de quem viveu o drama

O documentário ganha mais profundidade com os depoimentos de pessoas próximas a Sheen, como as ex-esposas, amigos de infância e até mesmo seu ex-traficante. A ausência de Martin e Emilio Estevez, pai e irmão de Charlie, é notável. Eles poderiam trazer uma perspectiva mais profunda e dolorosa sobre o impacto de Sheen na família, e fazem falta na narrativa. No entanto, os relatos de outros personagens, como o amigo de infância Tony Todd, que chega a se emocionar ao lembrar das noites de festas desenfreadas de Sheen, ajudam a contextualizar a gravidade da situação.

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O Auge e a Imagem de "Bad Boy"

Depois de fazer sucesso no cinema, Charlie Sheen se tornou um rosto familiar na TV, especialmente com seu papel como Charlie Harper na série Two and a Half Men. Esse período é mostrado no documentário como o auge de sua carreira e popularidade. A produção explora como a vida pessoal de Sheen, cheia de exageros e um estilo de vida ostensivo, se misturava com sua imagem pública, e por um tempo, isso parecia até mesmo impulsionar seu sucesso. O documentário mostra como ele era visto por muitos como charmoso, carismático e genial.

A Queda e a Crise Pública

Um dos pontos mais importantes do documentário é a análise da queda de Sheen, que culminou em sua saída conturbada de Two and a Half Men e uma série de incidentes públicos. O documentário detalha o comportamento errático, o abuso de drogas e álcool, e a escalada de sua "Winning" phase, que se tornou um fenômeno da internet.

A produção também aborda o impacto devastador desse período em sua carreira, família e amigos, incluindo o relacionamento com o cocriador da série, Chuck Lorre, e o ator Jon Cryer.

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O Processo de Sobriedade e Reflexão

O documentário dedica um espaço significativo para a jornada de sobriedade de Sheen, que ele afirma ter iniciado em 2017. Ele reflete sobre seus erros, os danos que causou e a busca por reconciliação. A produção busca mostrar um lado mais vulnerável e arrependido do ator, que tenta se reconectar com sua família e com o público.

E o impacto real de suas ações

Apesar de oferecer uma perspectiva em primeira mão sobre a vida de Charlie Sheen, o documentário falha em responsabilizá-lo por seus atos mais problemáticos, tratando-os como "gafes" ou desvios de conduta, em vez de consequências de um comportamento perigoso. Focando demais em sua narrativa de "vitória" e recuperação, ignora as vítimas e o impacto real de suas ações, apesar da honestidade de Sheen ao falar de tópicos sensíveis, como suas experiências sexuais e o diagnóstico de doenças.

Recepção da crítica do documentário

O documentário teve uma recepção mista. Alguns críticos apontaram que a obra falha em responsabilizar Charlie Sheen por seus atos mais problemáticos, e outros destacam a honestidade dele ao abordar assuntos delicados.

Rotten Tomatoes: 69% de aprovação dos críticos e 79% de aprovação do público.

IMDb: 7,7/10 de 4,8 mil avaliações.

Letterboxd: 3,6/5 (estrelas) de 11 mil avaliações.

Conclusão

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Aka Charlie Sheen oferece uma visão íntima e pessoal da vida do ator, levando-nos por sua jornada desde o sucesso rápido em Hollywood, passando pelo seu auge até a queda dramática e a tentativa de recuperação.

O documentário acerta ao mostrar um Charlie Sheen mais introspectivo e vulnerável, que reflete sobre os erros do passado e busca a redenção. Porém, a falta de arrependimento genuíno por parte do ator é um ponto que incomoda e nos faz refletir sobre a real intenção da obra, que parece buscar reintroduzir o ator ao público, resultando em um documentário que é mais um exercício de relações públicas do que um relato honesto e completo.

Apesar disso, vale a pena assistir e entender melhor a figura complexa de Charlie Sheen.

Até a próxima!