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Análise de It: Bem-Vindos a Derry - A Cidade Que Esquece

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Em "Bem-Vindos a Derry", a prequela de Stephen King, o horror ganha nova forma e revela que não é apenas Pennywise quem domina Derry, é também Derry quem o mantém vivo.

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A História de IT: Bem-Vindos a Derry

A série IT: Bem-Vindos a Derry é desenvolvida por Andy Muschietti, Barbara Muschietti e Jason Fuchs, e baseada no universo do livro “It” de Stephen King. A obra se trata de uma prequela dos filmes de 2017 e 2019 (“It” e “It: Capítulo Dois”).

A ambientação é situada em 1962, na cidade fictícia de Derry, Maine, e o elenco inclui atores novos para os jovens personagens, e o retorno de Bill Skarsgård como o palhaço Pennywise. Até o momento, a aceitação da crítica gira em torno de 77% de aprovação.

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Nesse prequela, mergulhamos no passado da cidade de Derry, bem antes dos eventos conhecidos nos filmes. No ano de 1962, quando uma família recém-chegada se instala na cidade, ocorrem mais desaparecimentos de crianças, fenômenos estranhos e diversas manifestações do mal que habita na cidade, construindo o cenário para o retorno do Pennywise.

A ideia aqui não é explorar apenas o “monstro”, mas também a ambientação, a pequena cidade, o subúrbio nos anos sessenta, e as tensões sociais como o racismo e o medo coletivo. Vemos adultos escondendo segredos, crianças se tornando vítimas e/ou testemunhas, e o mal se manifestando de modo metafórico e físico, onde a cidade é também um personagem.

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A Cidade de Derry

Desde o romance original It, Derry nunca foi somente o cenário onde todo o horror acontece; ela é o horror. O monstro pode assumir a forma de um palhaço ou de um medo, mas o verdadeiro poder de Pennywise sempre esteve em seu alcance invisível. Esse poder é a contaminação da consciência coletiva.

Em Derry, o mal não se manifesta apenas quando devora vítimas. Ele adormece nas pessoas, altera os comportamentos e anestesia a empatia. Adultos perambulam pelas ruas sem verdadeiramente notar crianças desaparecidas, vizinhos se silenciam diante dos casos, policiais ficam cegos diante de pistas.

A cidade aprende, como um ser vivo, a ignorar o sofrimento. Essa é a parte mais assustadora, porque o horror é absorvido pela normalidade.

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Stephen King sempre sugeriu que Pennywise não vive apenas nos esgotos; ele exala uma influência psíquica que molda Derry ao longo das décadas. Sua presença é como uma infecção, que transforma o medo em rotina. Quando o palhaço desperta, ele acorda, mas a cidade cai em um sono profundo, apático.

E é justamente aí que a série Bem-Vindos a Derry parece querer mostrar seu maior trunfo. Ao voltar no tempo para os anos 60, o enredo tem a chance de mostrar como essa anestesia moral começou. O que faz uma comunidade inteira fingir que nada está acontecendo? Por que os adultos de Derry parecem cúmplices, mesmo sem saber?

Talvez a série revele que o poder de Pennywise vai além das aparições físicas, é o poder de enfraquecer a humanidade das pessoas. A cidade respira sua influência, seus medos. Cada geração cresce mais acostumada ao estranho, mais distante da inocência.

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Em outras palavras, Derry é Pennywise. A criatura não domina a cidade, ela é a cidade. Seus esgotos são veias, seus cidadãos são células.

E é essa fusão simbiótica, entre lugar, monstro e memória, que talvez Bem-Vindos a Derry consiga explorar.

Série e Filmes

Os filmes de 2017 e 2019 focaram muito em dois momentos: a infância dos “Losers’ Club” e, depois, na vida adulta deles, usando-se de uma forte carga emocional de amizade, trauma e superação.

Já a nova série deve optar por um recuo no tempo e por uma expansão do universo, não apenas “mais aparições de Pennywise”, mas “como e por que Pennywise está em Derry”, e “por que Derry atrai isso”.

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Isso, se bem realizado, traz vantagens. Há espaço para explorar a mitologia, para inserir questões históricas e sociais que os filmes deixaram de lado ou apenas sugeriram.

Mas também traz desafios porque, comparado aos filmes, a série pode se estender demais, divagar ou “precisar conectar pontos” para um fanservice. Para fãs dos filmes, a mudança de foco, de “amizade infantil + sustos típicos do gênero” para “origem lenta + terror social”, pode significar que a “química” dos personagens ou o impacto imediato fará falta.

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Sobre o Primeiro Episódio de IT: Bem-Vindos a Derry

Ambiente e atmosfera estão em harmonia. Pelo menos no primeiro episódio, Derry parece menos glamourosa, mais sombria, e isso importa porque destaca um certo dualismo. Nas primeiras cenas, você sente o mesmo medo do personagem de entrar em Derry; a direção conseguiu inserir o espectador no contexto.

Em muitos momentos, o episódio não se intimidou de mostrar algo realmente perturbador. O horror visceral está lá, em detalhes. Destaque para a terrível cena do parto no carro e do massacre no cinema, que quebra de expectativa essa última. Aplaudi!

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A relevância social também é uma abordagem que traça um outro tipo de horror: racismo, poder militar, marginalização. Esses elementos dão uma camada extra além do “monstro aparece e pode ser morto”.

E para quem ama o universo de Stephen King, a mitologia expandida é um prato cheio.

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Vale a pena assistir Bem-Vindos a Derry?

Gostei muito do que vi no primeiro episódio, e, novamente, pela quebra de expectativa sobre o grupo de crianças, que mesmo em pouco tempo em cena, consegue deixar bem marcado cada um de seus papéis. Foi além do que imaginava, algo mais além do mesmo estilo Stranger Things e It clássico.

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No entanto, ainda não sei o que esperar da participação dos militares e como isso vai influenciar na mitologia da cidade em que adultos são anestesiados pela presença de Pennywise. Estou curiosa para acompanhar os próximos episódios e espero ter uma grata surpresa com Derry.

Porque uma terrível surpresa nessa cidade definitivamente não cairia nada bem, não é?

Após conhecer Derry, você ainda acha que o verdadeiro monstro é Pennywise, ou são os adultos, que ignoram o que apodrece sob seus olhos? Me conte nos comentários!

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