Analisando Gachiakuta: o mangá e o anime

Gachiakuta é uma série de mangá criada por Kei Urana, que teve sua estreia em fevereiro de 2022 na renomada Weekly Shōnen Magazine, publicada pela Kodansha. Até junho de 2025, a obra já conta com 15 volumes lançados, consolidando-se como um dos títulos mais impactantes do gênero shonen contemporâneo.
O mangá se destaca especialmente pela sua ambientação distópica, que apresenta uma crítica social incisiva e atual, abordando temas complexos como desigualdade econômica, discriminação social e a reflexão sobre o valor atribuído àquilo que a sociedade rejeita; sejam pessoas ou objetos.

Visualmente, Gachiakuta apresenta uma identidade única, resultado da combinação do traço orgânico e dinâmico de Kei Urana com os grafites urbanos assinados pelo artista Hideyoshi Andou. Essa mescla confere à série uma atmosfera urbana crua, quase palpável, que reforça o tom sombrio e realista da narrativa.
A obra também é reconhecida por seu universo detalhado, onde a sociedade está dividida entre a opulenta cidade flutuante Sphere e o sombrio abismo conhecido como “Pit”, um espaço onde são despejados os rejeitados e o lixo, que ganha vida através dos monstros chamados “Trash Beasts”, que personificam o descarte e a degradação.

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O anúncio do Anime de Gachiakuta
Desde o anúncio do novo anime, Gachiakuta despertou atenção entre fãs e críticos. Quando os primeiros episódios foram ao ar, a recepção confirmou que havia algo instigante na obra. Com uma estética urbana decadente, ação estilizada e uma crítica social contundente, o animerecebeu diversos elogios, além de gerar vários debates nas redes sociais e fóruns especializados.

Em 6 de julho de 2025, Gachiakuta finalmente ganhou uma aguardada adaptação para anime, produzida pelo aclamado estúdio Bones, conhecido por títulos como My Hero Academia e Mob Psycho 100. A direção ficou a cargo de Fumihiko Suganuma, que buscou traduzir para a tela a intensidade visual e temática do mangá.
O anime tem sido elogiado pela fidelidade ao visual original e pela energia das sequências de ação, embora algumas diferenças narrativas e estilísticas tenham sido observadas, como o uso de modelos 3D para os monstros e um ritmo mais acelerado na apresentação dos personagens e do universo.
Nesta análise, destacamos os principais pontos fortes e fracos da série com base em avaliações da crítica internacional e nas impressões da comunidade.
Trailer de Gachiakuta
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Acertos e Erros no Anime de Gachiakuta
Acertos de Gachiakuta
Ambientação original e crítica social embutida
A maior força de Gachiakuta está em seu mundo. A sociedade flutuante de Sphere, rica, limpa e reluzente, paira acima de um abismo que simboliza o descarte social: o “Pit”, onde lixo e pessoas são jogados sem remorso.
A ambientação opera como uma alegoria direta sobre desigualdade social, racismo estrutural e a desumanização dos marginalizados.
O lixo se transforma em linguagem narrativa, dando forma a monstros mutantes e sendo o elemento central do destino do protagonista, Rudo, jogado no abismo por ser filho de um "criminoso". A metáfora não é sutil, e acredito que isso faz parte da proposta.

Visual ousado e animação expressiva
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O anime impressiona visualmente. A paleta sombria, os traços orgânicos e os elementos de grafite são uma herança direta do mangá original, criado por Kei Urana com design de personagens por Hideyoshi Andou (como mencionado na introdução).
Sequências como a queda de Rudo ao abismo se destacam pelo impacto visual e emocional.
Os monstros em CG geram divisões: há quem elogie o grotesco criativo e a fluidez dos combates, enquanto outros criticam o contraste entre os modelos 3D e os personagens 2D. Ainda assim, o resultado é visualmente interessante.

Sistema de poderes interessante
No universo de Gachiakuta, os poderes surgem da ligação emocional com objetos descartados, os chamados “Givers”. Cada personagem canaliza sua força através de um item simbólico, o que transforma as batalhas em experiências carregadas de memória, dor e afeto. É um conceito original, que dá profundidade simbólica à ação e reforça a mensagem da série: o que foi rejeitado ainda pode ter valor.
A ação dos confrontos é intensa, com bom uso criativo das habilidades e um ritmo agradável. Isso não poderia faltar num bom anime shonen.
Pontos de Melhoria
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Excesso de exposição
Apesar de ter um mundo rico e bem delineado, o anime falha ao apresentar seu universo com longos trechos explicativos. Em especial nos dois primeiros episódios, os diálogos parecem artificiais, com personagens agindo mais como narradores do que como agentes naturais da história. Há pouca sutileza e escasso espaço para que o espectador descubra as regras do mundo por si.

Ritmo apressado e desenvolvimento emocional raso
A transformação de Rudo ocorre de maneira abrupta. Em poucos minutos, o espectador acompanha sua expulsão da sociedade, queda no abismo e o início de uma jornada de vingança. Ainda que suas motivações sejam claras, falta tempo para que o público se conecte emocionalmente com ele. O impacto dramático, nesse início, perde força pela falta de tempo para se desenvolver.
Protagonista motivado, porém ainda genérico
Rudo apresenta traços familiares dentro do gênero shonen: impetuoso, marcado por traumas e com poderes misteriosos. A semelhança com personagens como Bakugo, de My Hero Academia, é perceptível, o que não surpreende considerando o estúdio responsável.
Apesar de ter momentos carismáticos, ainda falta singularidade que o diferencie entre tantos protagonistas semelhantes (e talvez isso venha com o tempo e desenvolvimento da obra em animação).
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Vilões pouco desenvolvidos
Até o momento, os antagonistas da trama não possuem presença marcante. Suas motivações são vagas e suas aparições, pouco memoráveis. No entanto, como a série ainda está no início, esse ponto pode evoluir com o tempo.
Conclusão: O anime de Gachiakuta vale a pena?
Mesmo com alguns deslizes iniciais, Gachiakuta entrega uma estreia sólida e promissora. Seu universo visualmente ousado, sua crítica social direta e o sistema de poderes original demonstram potencial para se destacar entre os lançamentos da temporada.
Se conseguir ajustar o ritmo, desenvolver melhor seus personagens e aprofundar os temas que propõe, o anime pode se consolidar como uma obra relevante dentro do gênero.
Veredito:
Gachiakuta vale a pena, sobretudo para quem busca uma experiência que combine ação intensa, estilo visual marcante e reflexões sobre exclusão e desigualdade.Ad
Se você já assistiu aos primeiros episódios, compartilhe sua opinião: o que achou da ambientação, dos personagens e do estilo da série? Rudo tem potencial para se destacar entre os protagonistas do gênero ou ainda falta algo?
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