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Análise: Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda - um choque etário para os millennials

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Chega aos cinemas a sequência de "Sexta-feira muito louca", que segue divertida e agora nostálgica.

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Uma sexta-feira mais louca ainda - um choque etário para os millennials

Chega aos cinemas a sequência de Sexta-feira Muito Louca. Mais de 20 anos se passaram, e agora a mãe (Jamie Lee Curtis) e filha (Lindsay Lohan) terão problemas muito maiores para resolver.

Como o próprio título sugere, Uma sexta-feira mais louca ainda não é à toa: Anna (Lohan) agora é mãe de uma adolescente, Harper (Julia Butters). A garota se envolve numa confusão com outra adolescente na escola, Lily (Sophia Hammons). Os pais das duas são chamados até a escola para esclarecerem o que aconteceu, e acabam se aproximando e ficando juntos. Portanto, as duas garotas que não se suportam agora farão parte da mesma família.

Confira o trailer de "Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda":

Eric Davies (Manny Jacinto) é o novo amor de Anna e com quem ela irá se casar, mas além do conflito entre sua filha Harper e Lily, a filha do seu noivo, há a questão de Lily ainda ser muito apegada à memória de sua falecida mãe. Eles vieram de Londres e é para onde a garota deseja voltar. Como uma forma de fazer com que ela aceite o novo relacionamento do pai, Anna decide que, para a harmonia de todos, vai para Londres com eles e vai levar Harper.

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Harper e Lily não querem que seus pais se casem porque não se suportam. Lily porque ainda é apegada à lembrança da mãe e Harper porque não quer se mudar. Então, as duas concluem que o melhor é impedir que o casamento aconteça, mas elas serão surpreendidas por um evento místico que vai acontecer na despedida de solteira de Anna, fazendo com que Anna, Tess, Harper e Lily troquem de corpo.

O filme que é nostálgico e engraçado na medida certa

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No novo filme, não são apenas mãe e filha que trocam de corpo: agora, as netas entram na equação mágica. Tess vira Lily, Anna vira Harper e vice-versa. O caos e a confusão estão instaurados, porque as duas adolescentes não se suportam e o casamento de Anna com Eric acontecerá em poucos dias.

Como Anna e Tess já passaram por isso antes, elas usam da experiência que possuem para tentar solucionar o problema. Só que tem um pequeno detalhe: não basta apenas elas tentarem solucionar, as garotas no corpo delas precisam fazer o mesmo, e isso vai ser difícil, já que elas estão focadas em acabar com o casamento de Anna em vez de tentar reverter a troca de corpos.

O divertido é justamente ver a Jamie Lee Curtis novamente encarnando uma adolescente que, ainda por cima, adora moda, usando diversos looks extravagantes, falando gírias, com um comportamento completamente desconexo e precisando evitar ao máximo seu marido Ryan (Mark Harmon). Definitivamente, Jamie Lee Curtis é um dos grandes pontos altos dessa sequência. Ela entrega tudo no bom humor ao viver uma adolescente.

Até o Jake (Chad Michael Murray) entra em cena. Ele é o ex-namorado de Anna, e ainda no primeiro filme, um dos conflitos era que Jake acabava se apaixonando por Tess (Curtis), justamente pelo espírito livre e jovem que ela demonstrava ter porque, na verdade, era a filha no corpo da mãe. Agora que Harper e Lily estão nos corpos de Anna e Tess, vão se aproveitar dessa história do passado com Jake para usar ele no plano de acabar com o casamento de Anna e Eric.

Um roteiro bem amarrado com o original e que dialoga com os millennials

Como Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda está sendo lançado 22 anos após o primeiro, o espectador fica com o receio de: “Como eles vão fazer isso?”

E a resposta é que eles fizeram muito bem. Eles repetem o formato do primeiro filme, mas usando o máximo da criatividade para debater temas que estão em alta e tocar em tópicos sensíveis, sempre com a reflexão necessária para que elas consigam resolver o evento da troca de corpos.

Por exemplo, Lily não aceita a nova relação do pai por uma série de fatores. O primeiro é que não faz tanto tempo assim que sua mãe morreu. O segundo ponto é que, logo após essa perda, seu pai se mudou para os Estados Unidos e, ainda por cima, conhece outra mulher que já tem uma filha da mesma idade que ela. Realmente, são muitas coisas para processar ao mesmo tempo.

Como solução para esse problema, Eric e Anna entram num consenso de que o melhor então é irem os quatro para Londres, pois dessa forma Lily voltaria para o seu país de origem, estaria perto de outros parentes e, principalmente, daquilo que a aproxima da memória de sua falecida mãe. O problema é que ninguém consultou a Harper sobre isso. A garota nem se importa muito com o novo namoro da mãe, mas com o fato de isso interferir na vida dela, já que, mesmo contra sua vontade, está sendo obrigada a ir para outro país e deixar tudo para trás.

Então, nós veremos o quanto a geração millennial se desenvolveu, como busca não repetir erros parentais e familiares cometidos pelas gerações anteriores, e como a questão central do roteiro, o casamento, envolve decisões importantes, como mudar de país. Como os dois têm filhas, é preciso levar em conta a opinião delas, seus interesses e a vida que levam como um todo.

Assim como elas, que são adolescentes e pouco entendem dos problemas reais da vida, precisam se colocar no lugar dos pais que encontraram um no outro um alicerce, o amor e a base para uma nova família. Somente estando no lugar da Anna e de Tess é que elas percebem o quanto Eric ama Anna, o quanto o compromisso do casamento é algo importante na vida de um adulto, e que, se eles escolheram dar esse passo, foi porque tinham muita certeza do que queriam.

Conclusão: um presente para os millennials e uma diversão para a Gen Z

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O filme Uma sexta-feira mais louca ainda vai tirar muito proveito dessas divisões e comparações geracionais que acabam rolando com tanta frequência nas redes e mídias sociais. Por exemplo, no ano em que o primeiro filme saiu no início dos anos 2000, por mais que houvesse um conflito geracional entre Anna, que é a filha adolescente, e Tess, a mãe, não existia tanta discussão sobre gerações, comportamentos e choques de valores como temos hoje.

Hoje em dia, tudo vira um meme, uma briga no X (ex-Twitter) ou um TikTok explicando por que uma geração é melhor que a outra. E o filme sabe brincar com isso de forma inteligente, sem soar forçado ou moralista.

É uma comédia com coração, ritmo e propósito: divertir, sim, mas também dizer algo sobre convivência, empatia e escuta entre diferentes idades.