Review de Demon Slayer: Castelo Infinito - Emoção, Lutas e Flashbacks

Os Hashira finalmente encaram Muzan Kibutsuji e decidem atacá-lo juntos. Mas antes mesmo de começarem a luta, são puxados para a Fortaleza Infinita, o covil de Muzan, onde acabam separados em diferentes frentes de batalha.

Enquanto isso, Tanjiro e seus companheiros tentam alcançar o líder do Esquadrão de Caçadores, mas também são tragados para o misterioso espaço criado por Muzan. O lugar é o lendário Castelo Infinito, cenário da batalha final entre caçadores e demônios.

Com duração de 2h35, o filme surpreende pela escolha de não apressar a história. Em vez de cortar detalhes, ele dedica tempo a cada arco e personagem. O resultado é um equilíbrio delicado: mais profundidade e emoção, mas também um excesso de flashbacks que podem cansar alguns espectadores.

Trailer oficial

Imagem e Som

Se tem algo que chama a atenção logo de cara é o som. Demon Slayer sempre teve uma trilha sonora marcante, mas aqui o impacto é ainda maior. A mixagem é potente e imersiva, elevando a experiência no cinema.

A animação também não deixa a desejar. As lutas são fluidas, cheias de detalhes e com um visual de cair o queixo. Ufotable mantém o padrão altíssimo, equilibrando muito bem elementos 2D e 3D sob a direção de Haruo Sotozaki e Hikaru Kondô. A trilha assinada por Yuki Kajiura e Go Shiina dá o tom certo para cada cena, e ainda temos músicas originais de artistas como Aimer e LiSA, que completam a atmosfera épica.

É aquele tipo de produção que vale a pena ver na tela grande, porque som e imagem trabalham juntos para tornar a experiência grandiosa.

Personagens em destaque (e apagados)

O filme já deixa claro quem vai carregar a história. Tanjiro e Giyu formam a dupla central: de um lado, a garra e impulsividade de Tanjiro; do outro, a calma e precisão de Giyu. Juntos, eles entregam algumas das lutas mais emocionantes da obra.

Mas quem realmente rouba a cena é a Hashira do Inseto em seu confronto com Dōma. Pequena, serena e determinada, ela enfrenta a crueldade quase divina do inimigo em uma batalha que não é só física, mas também psicológica e cheia de tensão.

Enquanto isso, alguns personagens ficam de lado. Inosuke aparece pouco, Muzan age mais como uma presença ameaçadora do que um vilão ativo, e outros Hashira e Nezuko não têm tanto espaço.

Por outro lado, Zenitsu ganha destaque e finalmente mostra crescimento, e até Akaza, um dos vilões mais odiados por sua luta contra Rengoku, tem sua história explorada de forma emocionante. Essa “redenção parcial” dá uma nova camada ao personagem e mostra que até os Oni carregam dramas e dores do passado.

Além disso, os monólogos internos de Tanjiro (marca registrada da obra) foram mantidos de forma natural, reforçando a conexão do público com ele.

Ritmo da Narrativa

O filme tem dois momentos bem definidos. A primeira parte é cheia de ação, com lutas intensas e cenas de tirar o fôlego. Já a segunda desacelera bastante, trazendo muitos flashbacks e explicações que dão profundidade à trama. Isso pode ser ótimo para quem gosta de entender melhor os personagens, mas também pode soar arrastado para quem espera apenas batalhas do começo ao fim.

Essa escolha faz com que a narrativa pareça ter uma estrutura de capítulos, quase como episódios de anime exibidos em sequência. Para fãs do mangá, isso é um ponto positivo, mas para espectadores casuais pode causar a sensação de pausa entre as cenas mais agitadas.

Mesmo assim, há um esforço claro em equilibrar emoção e ação. Os flashbacks humanizam os vilões e criam momentos de empatia inesperados. Já o Castelo Infinito em si funciona como parte da narrativa: com sua arquitetura instável e atmosfera sufocante, o cenário contribui para a sensação de perigo constante.

No fim, o ritmo não é perfeito, mas entrega uma experiência envolvente, misturando espetáculo visual com drama e preparando bem o terreno para os próximos filmes.

Segundo informações do Anime Rave, cada parte terá um intervalo de cerca de dois anos:

- Parte 2: prevista para 2027

- Parte 3: prevista para 2029

Com isso, a adaptação do arco final será concluída aproximadamente dez anos após a estreia do anime em 2019, mostrando o cuidado em encerrar a saga de forma grandiosa.

- Título: Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba - Castelo Infinito

- Título original: Gekijô-ban Kimetsu no Yaiba Mugen Jô-hen

- Ano: 2025

- Duração: 155 minutos

- Direção: Haruo Sotozaki

- Roteiro: Koyoharu Gotouge