Pousando no Amor
Hoje vamos falar do dorama que nos faz pensar que deveríamos estar construindo pontes e não muros, e por que esse dorama famoso nos ensina a olhar uns para os outros com olhos de afeto, apesar das diferenças políticas e culturais.

Sobre o que é Pousando no Amor?
Pousando no Amor (ou Crash Landing on You, em inglês) é um dorama de romance/drama com uma premissa simples: uma herdeira e empresária famosa, Yoon Se-ri, sofre um acidente de parapente e acaba pousando na zona desmilitarizada de outro país, onde é ajudada por um soldado, Ri Jeong-hyuk.

Simples, né? - Mas nem tanto, se considerarmos que ela é da Coreia do Sul e ele, o soldado, é da Coreia do Norte.
A missão dele seria levá-la para interrogatório, mas, por obra do destino (ou do roteirista), ela acaba se escondendo na casa dele até que ele e seus subalternos encontrem um jeito de mandá-la de volta para seu país.
Ad

Esse dorama foi produzido em 2019 e estrelado pela atriz Son Ye-jin e pelo ator Hyun Bin, tornando-se o drama da tvN de maior audiência, sendo o terceiro drama coreano com a melhor audiência da história da televisão a cabo coreana na época.
Uma curiosidade é que eles se casaram na vida real após esse dorama, estão juntos até hoje e são pais de um filho. Fofos, né?

O elemento Romeu e Julieta em Macro
Uma história no estilo Romeu e Julieta, na qual o casal não pode ficar junto porque suas famílias são inimigas, sempre faz nossos corações se apertarem e torcermos para que o romance dê certo, para que juntos vençam as diferenças e fiquem juntos.
Agora, imaginem isso em uma escala maior, como países inimigos, na vida real!
As Coreias têm uma forte questão política desde o final da Segunda Guerra e, após a Guerra da Coreia, em 1950, o país foi definitivamente partido ao meio, com o Sul apoiado pelos Estados Unidos e o Norte apoiado pela União Soviética.
Ad
Hoje, a Coreia do Sul é classificada pela ONU como um dos países mais desenvolvidos do mundo, sendo também um dos mais avançados tecnologicamente e em comunicações.
Já a Coreia do Norte é uma república socialista, governada através de um regime autocrático de partido único, o Partido dos Trabalhadores da Coreia. É um país de economia planificada, onde todas as decisões econômicas e o comando das atividades produtivas estão centralizados no Estado.
A mídia, a cultura e grande parte da vida do povo norte-coreano são ditadas pelo Estado. Por essa descrição, já é possível imaginar o choque de cultura entre os dois protagonistas, certo?
A produção não tinha um "guia sobre o que não falar sobre a Coreia do Norte", então tiveram que ter cuidado para não ofender ou deturpar o outro país. Contaram também com a orientação de norte-coreanos que moram na Coreia do Sul.
O caminho seguido pelo roteiro foi exemplar, sem clichês de bom e mau; escolheram a forma mais singela para nos mostrar essas diferenças.
Um olhar além do ódio
Num mundo onde tudo é orgulho nacionalista e disputa por poder, o povo da Coreia do Norte foi tratado com respeito neste dorama.
A vila onde Yoon Se-ri cai é simples e humilde, mas todos se ajudam e há um clima de comunidade unida que, em lugares onde o poder econômico é mais forte, é difícil de se ver. Afinal, quem mora em ricas metrópoles mal sabe como é o rosto dos vizinhos.
Ad
Ali, eles dividem o que plantam e colhem, assim como compartilham histórias. Há cumplicidade, apesar das desavenças, comuns em qualquer lugar. Notamos que, devido à dureza da vida, os laços se tornam mais fortes.

Outro detalhe que emociona é como os soldados não acreditam nas histórias da protagonista, como quando ela diz que come carne todos os dias e eles a chamam de mentirosa. A descrença deles é mostrada com humor, mas nunca humilhando os soldados; na verdade, é até meio ingênuo como eles acreditam que o "mundo lá fora" é.
Assim como Yoon Se-ri só sabia sobre o país rival pelo que era dito pela mídia e pelos políticos/militares dentro do seu próprio país, ao conviver com os civis, ela aprende a ver o micro dentro do macro, as pessoas além das bandeiras.
Notamos também que, embora Ri Jeong-hyuk ame seu país e respeite as leis, ele reconhece que certas regras podem e devem ser quebradas, porque acima disso está o bom senso, o ser humano e, nesse caso, o amor.

Uma cena emocionante é quando Yoon Se-ri, quase se despedindo dos soldados e de Ri Jeong-hyuk, canta a canção "When The Cold Wind Blows". Ela se emociona ao precisar se despedir dos novos amigos feitos em terras 'inimigas' que a protegeram por tanto tempo.
Aliás, a trilha sonora desse dorama é muito bonita, com destaque para a canção "The Hill of Yearning", que me leva às lágrimas sempre.
Ad
Conclusão: Por que Muros e não Pontes?
O final não é o ideal, mas é o que poderia ser no mundo real, com pessoas que nasceram em países que não têm, num futuro tão próximo, planos de reunificação.
O "felizes para sempre" precisa ser em terras neutras e nem sempre juntos o tempo todo, como nossos corações torcem, como nossos sonhos desejam.

Doramas como esses nos mostram em micro o que conflitos/disputas, sejam eles étnicos, políticos ou de qualquer outro tipo, fazem com as pessoas, com aqueles que estão abaixo dos jogos de poder, com quem só quer ver ou estar com amigos, parentes... um amor.
Os que estão na base da sociedade são os que mais perdem, sejam materialmente ou, pior, emocionalmente.
Quase nunca temos, pelo menos, esse final satisfatório, embora não ideal, na vida real. E então ficamos nos perguntando por que, depois de tantos exemplos e tantos anos, os seres humanos ainda não aprenderam que, acima do poder, deveria vir o fator humano.
Por que ainda construímos muros em vez de pontes?
Ad
E vocês? Conhecem esse dorama? Choraram quando Yoon Se-ri corre naquela ponte, sob a mira de armas, em direção aos braços do seu amor, Ri Jeong-hyuk?
— Comentarios0
Se el primero en comentar