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Review: Alien na Terra - O terror chegou ao nosso quintal!

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O monstro mais temido da ficção científica invade a Terra, mas vamos ver nesse review se o resultado é assim tão... assustador.

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rezensiert von Tabata Marques

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Sobre Alien: Earth

A série começa dentro da espaçonave Maginot, propriedade da gigante Weyland-Yutani, com a missão de transportar espécimes alienígenas para pesquisas, mas como toda boa história de Alien, as coisas saem do controle. Criaturas confinadas conseguem escapar, e a nave se transforma em um labirinto de medo e claustrofobia, tentando remeter ao filme de 1979.

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O desastre isolado ganha proporções maiores quando a Maginot cai em território ligado à Prodigy, uma outra corporação que conduz experimentos de hibridização humana. Prodigy é responsável por Wendy, uma menina de 12 anos com uma doença terminal, cuja consciência foi transferida para um corpo sintético. Ela é o fio condutor dessa trama que mistura biotecnologia, crítica corporativa e muito sangue ácido.

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Com a queda da nave, crianças em corpos sintéticos, sintéticos, cientistas e donos de corporações se veem presos no epicentro de uma disputa de poder e terror. Ignorando o maior problema que pode surgir: o planeta tornar-se um novo campo de caça para o xenomorfo.

Alien Terra é uma série criada por Noah Hawley (Fargo, Legion) e tem no elenco Sydney Chandler (Wendy), Timothy Olyphant, Alex Lawther e Essie Davis. Foi lançada em 12 de agosto de 2025 pela FX/Hulu nos EUA, Star+/Disney+ no Brasil e sua linha temporal seria o ano 2120, ou seja, dois anos antes dos eventos do Alien original (1979).

Ah, As expectativas...

Todo fã de Alien carrega uma pontada de tristeza desde Alien, o Resgate (1986). Apesar de ser muito mais ação do que suspense/terror, esse ainda é um capítulo respeitado e querido, ao lado do clássico de 1979.

Essa tristeza se explica porque Alien 3 é um filme que muitos preferem apagar do cânone, e Alien: A Ressurreição flerta mais com o “terrir” do que com o gênero que consagrou a franquia.

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Quando Prometheus foi anunciado, com a volta da direção de Ridley Scott, parecia o início de um recomeço. Havia esperança de ver mais sobre o universo do xenomorfo, afinal, estamos falando de um dos maiores monstros do terror pop.

Mas o resultado foi o oposto: Prometheus se tornou uma das maiores decepções da ficção científica moderna. Uma sucessão de decisões questionáveis, um roteiro que prometia responder sobre as origens dos xenomorfos, mas não entregou nada. Ignoraram totalmente o icônico Space Jockey e finalmente contar sua história, o que muitos torciam para ver. Vários fãs sentiram não apenas frustração, mas raiva. Sim, eu estava ao lado de um deles, e acredite: a raiva era real. Para alguns, só funciona se visto como comédia, como é meu caso. Sempre rio da mulher correndo em linha reta da rosca gigante.

Depois veio Alien: Covenant. Mas como continuar algo que já nasceu mal resolvido? O resultado, claro, foi outra decepção.

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Então, uma luz surgiu no fim do túnel: Alien: Romulus. Simples, direto, com suspense e ação equilibrados. A protagonista convenceu, a direção de Fede Álvarez resgatou o espírito de 1979, e o filme conseguiu agradar crítica (80% no Rotten Tomatoes) e público (85%). Um respiro de confiança na franquia.

Só que, antes mesmo do sucesso de Romulus, já havia sido anunciada uma série: Alien: Terra. A promessa de um mergulho novo e ousado no universo.

E a pergunta inevitável: será que Alien: Terra consegue carregar o peso desse manto tão maltratado pela própria franquia?

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No Espaço

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As primeiras cenas da série são muito boas, remetem diretamente ao clássico de 1979 e chegam a passar a sensação de uma produção do início dos anos 80, talvez pela fotografia ou pela dinâmica adotada pelo diretor, com todos os personagens reunidos em volta de uma mesa, conversando distraidamente sobre frivolidades.

A Maginot, apesar das diferenças em relação à Nostromo, carrega aquele ar inevitável de que algo vai dar errado: longos corredores desertos e silenciosos, sombras que se alongam e personagens que causam desconforto no público. Um exemplo é o Mr. Teng (Andy Yu), que, mesmo sem falar muito, consegue nos arrepiar apenas com sua postura incômoda diante de uma personagem feminina. Seu jeito frio chega a nos fazer suspeitar se ele não seria, na verdade, um sintético. Pena que a série não tenha explorado mais esse personagem, seria fabuloso se tivesse rendido mais.

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Esses primeiros minutos dentro da Maginot prendem a atenção dos mais saudosos do clima de terror e suspense construído no Alien de 79. Aliás, tirando alguns detalhes que comentarei mais adiante, considero que as melhores partes da série estão justamente no espaço, dentro da nave.

Outro ponto interessante são as novas formas de vida apresentadas, além do próprio xenomorfo. Elas são variadas e despertam dúvidas sobre o que poderiam fazer em contato com o corpo humano. Uma delas, em especial, é fascinante de acompanhar: inteligente, astuta, chegando até mesmo a encarar o xenomorfo em um mano a mano. Essa pequena criatura conquistou minha simpatia, e mal posso esperar para ver até onde ela vai nessa história.

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O visual do Alien em si não fica devendo nada, está excelente, assim como os efeitos visuais gerais da série, que entregam exatamente o que prometem. As cenas de ação e tensão funcionam muito bem e, em alguns momentos, chegam a causar aquele frio na barriga (em especial em uma cena dentro da Maginot).

Nesse quesito, a série vai muito bem.

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Na Terra

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Os problemas da série começam ainda na Maginot, mas pioram quando a trama chega à Terra.

Os personagens não conseguem ter qualquer carisma que prenda o espectador. Não estamos pedindo uma Ripley, sabemos que isso é para pouquíssimos, mas pelo menos uma Rain, talvez? O único que desperta algum interesse é Mr. Teng, que aparece pouco, e o sintético Kirsh, vivido pelo excelente Timothy Olyphant.

O restante do elenco entrega atuações medianas, com personagens que não ajudam a manter a atenção de quem acompanha a trama. Talvez a escolha do roteiro de colocar a mente de crianças em corpos sintéticos, dando a algumas cenas de Alien um tom quase “Goonies”, ou até mais pueril, seja a raiz de parte do problema. Isso tira a imersão de uma história que deveria carregar o suspense como sua principal premissa. Não que não possa haver humor, mas colocar crianças em supercorpos dentro de um laboratório cheio de ameaças letais simplesmente não faz sentido na mínima verossimilhança que a franquia pede.

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Aliás, disparado o pior personagem é Morrow, interpretado por Babou Ceesay. Se a ideia era criar um vilão caricato e insuportável, a série conseguiu. Porque Morrow não é nem de longe aquele antagonista bem construído que amamos odiar, ele é apenas irritante, chato, com sua cara empurrada e biquinho de criança birrenta. Alguém precisa avisar a Babou Ceesay que interpretar vai além de fazer cara feia em todas as cenas.

Outro problema sério, que já vimos em Prometheus, é a burrice coletiva que parece contaminar todos os personagens. E não falo das crianças em corpos sintéticos, essas até perdoamos pela inocência. Mas é inconcebível ver resgatistas entrando em uma nave que acabou de cair do espaço (carregando sabe-se lá que tipo de perigo biológico), e, mesmo depois de descobrirem que era uma nave de exploração de formas de vida, continuarem explorando o interior danificado sem cautela, como se não houvesse risco de encontrar containers rompidos. É impossível acreditar que adultos responsáveis pela segurança de outros ajam dessa forma.

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Falando em defeitos recorrentes, parece que a franquia carrega outra obrigação: todo dono de corporação ou cientista precisa ser moralmente corrompido. Nunca há um que queira, de fato, melhorar o mundo para as futuras gerações. Eles sempre recaem no clichê do vilão ganancioso. Alien: Terra repete a fórmula com o dono da Prodigy, que se acha um novo Peter Pan, justificando seus atos com o argumento de que só deseja alguém tão inteligente quanto ele para dialogar. No fim, não passa de mais um nêmesis malcaratista, movido por poder e dinheiro. Uma pena, porque a série poderia ter trazido uma nova visão para esse arquétipo.

E não para por aí, a série também pede que o espectador desligue o cérebro e esqueça conceitos que ela mesma estabelece. Logo em uma das primeiras cenas, Wendy, em corpo sintético, salta de uma altura considerável sem sofrer qualquer dano, deixando claro que sua estrutura é extremamente resistente. Porém, alguns episódios depois, ela sofre danos sérios na cabeça em um confronto com um único xenomorfo. Ou a série ignora a lógica que ela mesma criou, ou o golpe de um Alien desafia até a segunda lei de Newton. Difícil engolir, né?

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E já que falamos dele, o xenomorfo, aqui ele se parece mais com um multiprocessador assassino do que com o predador furtivo que conhecemos. O que aconteceu com aquele ser que caçava com calma, se escondia nas sombras e transformava corredores em labirintos de tensão psicológica?

Nesta série, o Alien fatia um esquadrão de soldados em segundos, como se fosse um monstro genérico de slasher gore. Entendo a opção de resgatar o tom de ação de Alien o Resgate, mas até no segundo filme havia charme e suspense, e um único xenomorfo não dava conta de tanta gente de uma só vez, tão rápido.

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E ainda há incongruências piores, como uma criança de 11 anos que faz amizade e confia cegamente em um sociopata que colocou uma faca em seu pescoço e invadiu sua mente, depois de pouquíssimas conversas. Sério?

Por fim, a série tenta nos fazer torcer pela relação dos irmãos protagonistas, mas não existe química, nem fraterna nem dramática, que convença o espectador a se importar com eles. Talvez seja falha da direção, talvez das atuações, mas o fato é que essa trama paralela é desinteressante a ponto de dar vontade de adiantar as cenas em que aparece.

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Antes do Fim

A série ainda não concluiu sua primeira temporada. No dia em que escrevo esse review, ainda faltam dois episódios para o fim e, confesso, acredito que nada disso será consertado até lá. Simplesmente não há como corrigir os problemas já mencionados.

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O que se pode esperar é que, caso haja uma segunda temporada, os roteiristas não insistam nesses mesmos tropeços. Que ousem, sim, mas de forma coerente com o universo do xenomorfo. Ousar não é colocar meia dúzia de crianças em supercorpos para enfrentar uma máquina de matar que sangra ácido.

O mínimo que se espera é que parem de repetir os mesmos erros.

Vale a Pipoca?

Se você não for como eu e não tiver contrações estomacais de raiva a cada decisão burra tomada por um adulto, ou por um sintético que deveria agir com lógica, até vale assistir.

E se você não é aquele superfã puritano da franquia, provavelmente vai se divertir. Mas não espere nada no nível dos dois primeiros filmes, ou mesmo de Romulus, porque aqui o roteiro deixa a desejar em vários pontos.

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Agora, se você for chato como eu, recomendo apenas dar uma olhada nos resumos para ficar por dentro do cânone. Já é o suficiente para evitar a raiva.

Eu, por teimosia, vou até o fim porque já comecei, né? Mas, sinceramente? Estou torcendo para o Alien dar fim nessa galera chata toda.

E você, o que está achando de Alien: Terra? Está se divertindo com a série ou também sente raiva a cada decisão sem sentido? Conta aí nos comentários: o Alien merece macetar todo mundo ou ainda dá para salvar alguma coisa dessa história?

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