Análise de Ninguém Quer, da Netflix: o romance que foge do clichê

Ninguém Quer, ou em inglês Nobody Wants This, é uma série de comédia romântica, que estreou sua primeira temporada em setembro de 2024 e a segunda em outubro de 2025.

A série é inspirada na história de vida da sua criadora e roteirista, Erin Foster, e seu marido, Simon Tikhman.

O elenco é composto por Kristen Bell (Joanne), Adam Brody (Noah Roklov), Justine Lupe (Morgan) e Timothy Simons (Sasha Roklov).

Joanne é uma podcaster agnóstica e extrovertida que fala abertamente sobre sua vida amorosa e sexual, que namora o Rabino Noah Roklov, recém-solteiro.

Eles se conhecem e sentem uma atração imediata e inegável, mas suas vidas são de mundos completamente diferentes. O relacionamento deles é constantemente desafiado não só pelas suas diferenças radicais de estilo de vida e crenças, mas também pela intromissão de suas respectivas famílias e as expectativas da comunidade de Noah.

Ninguém Quer foi um sucesso de crítica e público na Netflix, sendo elogiada por ser leve, divertida e por abordar o conflito de maneira inteligente, fugindo de clichês fáceis de romance e com boa química entre o elenco principal. Rapidamente, entrou para o top 10 das séries mais assistidas do streaming.

Trailer Oficial

Erin Foster, a criadora, teve a ideia em 2019, durante seu processo de conversão ao judaísmo, enquanto iniciava um romance com Simon Tikhman. Os dois se conheceram em 2018, em uma academia em Los Angeles, noivando no ano seguinte.

Simon é cofundador de uma empresa de agenciamento musical, vinha de uma família com a forte tradição judaica de se casar com uma mulher judia. Embora ele próprio não fosse estritamente religioso, tinha o desejo de manter viva e intacta a linhagem de sua família, cujos pais foram forçados a abandonar a União Soviética em 1979.

A produtora Erin Foster declarou que a série é uma carta de amor para o marido. O processo de conversão ao judaísmo que ela vivenciou para se casar com Simon, e que é retratado na ficção, foi detalhado por ela no The World’s First Podcast, que apresenta com a irmã Sara Foster, interpretada na série por Justine Lupe.

A dinâmica central de um "casal improvável" superando grandes diferenças culturais e religiosas para ficar juntos é o elemento de história real que deu origem à série.

Profissão

Vida Real: Simon é um executivo musical, dono de uma gravadora e empresário.

Série: Noah é um Rabino, e isso cria um conflito muito maior com a família.

Como o casal se conheceu

Vida Real: Eles se conheceram em uma academia em Los Angeles.

Série: Eles se conheceram em um jantar de amigos.

Recepção da família

Vida Real: A família dele a acolheu bem e a ama, apesar das diferenças.

Série: A família dele desaprova o namoro, criando muita tensão.

Conversão

Vida Real: Erin se converteu ao Judaísmo antes de se casar, em 2019, por causa do marido.

Série: Joanne passa pelo processo de conversão por amor a Noah.

Sabe aquela comédia romântica que parece um abraço quentinho, mas que também te faz rir de nervoso? É exatamente isso. Eles pegaram a fórmula clássica do "casal que não tem nada a ver um com o outro" e deram um toque super atual: o choque de culturas e, principalmente, o peso da religião.

O elenco é um dos maiores acertos. A química entre o casal é palpável. A Kristen Bell está sensacional, interpretando uma mulher de 40 e poucos, caótica, que fala sem pensar, mas que no fundo só quer amor. Ela é engraçada, espirituosa e a gente se identifica com os dramas dela.

Adam Brody interpreta um rabino nada convencional e charmoso. Ele é todo certinho pela tradição, mas tem a mente aberta (e fuma maconha!), o que o torna muito mais interessante e real. Você torce por eles o tempo todo, mesmo sabendo que a vida deles não faz o menor sentido no papel.

O que eu acho genial na série é como ela brinca com a fé e os estereótipos. Não é só uma historinha de amor boba. Eles não têm medo de mostrar um rabino que tem dúvidas e vícios, quebrando aquela imagem de líder religioso intocável. E, ao mesmo tempo, não zombam da religião. Eles a respeitam, mostrando que, para o amor dar certo, a Joanne tem que aceitar e se dedicar a essa parte da vida dele, culminando na conversão dela.

A mensagem da série é o que mais toca: o amor não se importa com rótulos, mostrando que todos nós estamos meio perdidos; seja a executiva bem-sucedida, seja o rabino respeitado. Estamos todos tentando descobrir quem somos e onde nos encaixamos. É sobre superar não só o choque cultural entre a vida solteira de Los Angeles e a família ultra tradicional, mas sobre aceitar o outro por inteiro.

Ninguém Quer foi muito bem recebida pela crítica, especialmente a primeira temporada. A segunda temporada, embora ainda tenha recebido críticas predominantemente positivas, viu uma leve queda nas pontuações.

Rotten Tomatoes: 86% de aprovação dos críticos e 71% de aprovação do público.

IMDb: 7,8/10 de 70 mil avaliações.

A produção acerta ao pegar a familiaridade das comédias românticas clássicas e atualizar com uma visão honesta e contemporânea dos desafios de encontrar o amor hoje.

Destaca-se ao misturar o clichê do "encontro improvável" com temas complexos da vida adulta, como a colisão de culturas e religiões, as inseguranças de iniciar um romance sério após os 30 anos e a pressão familiar para manter tradições.

Ao tratar esses assuntos com leveza e humor genuíno, mas sem simplificá-los, a série demonstra que, no amor moderno, a química é apenas o começo: ele exige conversa, concessão e vulnerabilidade.

Em vez de apenas entregar um final feliz, a produção mostra que a verdadeira felicidade reside no crescimento mútuo e na disposição de abraçar o desconforto das diferenças, inspirando o público a buscar relacionamentos que o desafiem a ser sua melhor versão.

Até a próxima!